A Anistia Internacional considera positivo que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tenha lançado mão dos recursos de que dispõe para investigar a polícia de Ferguson, no estado do Missouri, tendo emitido, a 3 de março, um relatório que confirma padrões de discriminação racial na conduta dos agentes naquela cidade norte-americana.

O diretor executivo da Anistia Internacional Estados Unidos, Steven Hawkins, recorda que “a morte de Michael Brown [por disparos de um policial, em Ferguson, em agosto de 2014] lançou um muito necessário e há muito tempo devido debate sobre a discriminação racial e a conduta policial, conversa essa que tem de continuar a ser feita”.

Elogiando o Departamento de Justiça norte-americano neste caso por “fazer uso das ferramentas disponíveis para investigar”, Steven Hawkins frisa também que “os Estados Unidos ainda têm um longo caminho a percorrer antes de haver uma verdadeira responsabilização da conduta das forças policiais”.

“A longa história de discriminação racial e outros abusos por parte da polícia neste país só tem equivalente na sua também longa história de inadequada responsabilização daqueles que têm responsabilidade nesses atos. O Presidente [dos Estados Unidos, Barack] Obama deve dar o seu apoio à criação de uma Unidade Nacional Especial para o Crime e para a Justiça, que analise e avalie todas os componentes do sistema de justiça criminal e faça recomendações para reformas abrangentes do sistema de justiça criminal”, defende ainda o diretor executivo da Anistia Internacional Estados Unidos.

Steven Hawkins reitera que “Ferguson é uma de milhares de cidades no país com uma profunda tensão entre as forças de segurança e as comunidades que essas forças de segurança têm a tarefa de proteger”. E insta o Departamento de Justiça norte-americano a “avançar com uma revisão a nível nacional das táticas e práticas da polícia, especialmente aquelas que implicam o uso de força letal”.

“E mais ainda do que isso”, prossegue, “[o Departamento de Justiça] deve começar a exigir que todas as forças de segurança colijam e publiquem estatísticas sobre o número de mortes causadas pela polícia”. “Ainda não sabemos quantas pessoas exatamente são mortas por agentes da polícia todos os anos”, remata Steven Hawkins.

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