A Anistia Internacional Brasil, em maio de 2020, lançou a campanha Nossas Vidas Importam com uma aliança de mais de 30 organizações para exigir que as autoridades tomassem ações decisivas para não deixar ninguém para trás na resposta à COVID-19. A pandemia e toda crise desencadeada por ela, foi um desastre particular para o Brasil em comparação com a maioria dos países do mundo. Depois do Peru, o país acumulou a 2ª posição nas Américas e a 19ª no mundo com o maior número de mortes por milhão de habitantes. Até outubro de 2022, o número de mortes do país foi superior a 688 mil, e de 8001 mil em excesso, o que representa mais de 3 mil mortes por milhão de habitantes.

As altas taxas de mortalidade do país contrastam com a provisão nacional de infraestrutura e despesas públicas relatadas pelo Governo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), antes da pandemia, em 2020 o Brasil tinha o maior número de leitos de Unidade de Cuidados Intensivos por 100 mil habitantes da região3- superior à média da OCDE – e o maior número de enfermeiros para cada mil habitantes da região em 20184. Mesmo assim, em maio de 2021, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) informou que no Brasil já havia lista de espera em vários estados. Todos estes números combinados escondem a desigualdade na prestação de serviços públicos entre as regiões do país.

Na região mais desigual do mundo, os brasileiros também sofrem com as grandes desigualdades econômicas e sociais, ao custo de suas próprias vidas e do acesso aos serviços de saúde. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o risco de morte entre afrodescendentes brasileiros em 2020 é 47% maior em comparação com a população não afrodescendente6. Uma pesquisa de pacientes sobre mortalidade hospitalar de janeiro de 2020 a março de 20227 mostrou que pacientes negros e indígenas tinham maior risco de morte (39.2% e 38.6%, respectivamente) em comparação com os pacientes brancos (33.2%).

As desigualdades regionais aliadas à discriminação racial estão estreitamente correlacionadas, pois as hospitalizações e as taxas de morte de afrodescendentes tendem a ser mais elevadas nas regiões Norte e Nordeste. Mesmo após levar em consideração as características clínicas e comorbidades, os afrodescendentes8 e os pacientes indígenas “têm taxas de mortalidade hospitalar mais altas, utilizaram menos recursos hospitalares e tinham maior probabilidade de adoecer do que os pacientes brancos”.

Ao entender a gravidade da violação de direitos enfrentadas pela população brasileira, a Anistia Internacional lança o documento: “A ‘Longa Covid’ de direitos humanos no Brasil” Uma pandemia de dois vírus: A desigualdade e a Covid-19, que explica como a crise sanitária desencadeou também uma crise de direitos humanos alarmante no país. Leia toda a pesquisa na íntegra, por meio do download ao lado.  

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