Um fato que marcou o 2024 da Anistia Internacional Brasil foi a condenação dos executores da Vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes no mês de outubro (FOTO: Mídia Ninja)

Foi um ano de desafios e ainda temos um longo caminho pela frente em 2025. Mas você e milhões de apoiadores da Anistia Internacional são a prova de que, quando nos unimos, podemos mudar a realidade e promover os direitos humanos. 

Na despedida de 2024, fizemos uma retrospectiva e queremos destacar algumas das vitórias mais importantes que você ajudou a tornar possíveis com seu ativismo! 

JANEIRO

NORUEGA | Por condições dignas no cárcere

Nos últimos anos, a Noruega vem sendo criticada por organismos internacionais de direitos humanos devido ao tratamento de pessoas presas com problemas de saúde mental. O uso de isolamento está no centro do problema, assim como as elevadas taxas de suicídio. No ano passado, a Anistia Noruega fez uma campanha que levou o governo a aumentar significativamente os recursos para melhorar as condições no cárcere, reduzindo o uso de isolamento, após a entrada em vigor do orçamento.

FEVEREIRO

ARÁBIA SAUDITA | Amazon reembolsa trabalhadores

A Amazon anunciou o reembolso de US$ 1,9 milhão a mais de 700 trabalhadores na Arábia Saudita (FOTO: Nathan Stirk/Getty Images)

A Amazon anunciou que pagaria US$ 1,9 milhão para reembolsar mais de 700 profissionais que atuaram em suas operações na Arábia Saudita. Isso ocorreu após um relatório da Anistia Internacional documentar o engano e o tratamento indigno das pessoas contratadas pela gigante de tecnologia no país. 

MARÇO

TERRITÓRIOS PALESTINOS OCUPADOS | Defensor de direitos humanos livre

O ativista e defensor de direitos humanos Munther Amira

Foi libertado o assistente social palestino e defensor dos direitos humanos Munther Amira, detido arbitrariamente pelas forças israelenses, sem acusações ou julgamento, devido a supostas postagens no Facebook.

“Quando meu advogado me disse, na prisão de Ofer, que a Anistia Internacional estava planejando fazer uma campanha sobre o meu caso, isso me deu muita força — senti que não estava sozinho, que não fui esquecido.” 
Munther Amira, ativista

BURKINA FASO | Mais um defensor posto em liberdade

Em 1º de dezembro de 2023, o defensor dos direitos humanos Daouda Diallo foi detido por agentes de segurança, levado a um local desconhecido e submetido a desaparecimento forçado. A Anistia Internacional emitiu um apelo urgente por sua liberação.  

Em março de 2024, Daouda foi libertado. 

“Gostaria de agradecer à Anistia Internacional e a todos que se mobilizaram e pediram pela minha liberação. Esses apelos foram uma luz na solidão da minha provação e um lembrete de que eu não estava sozinho. Sigamos unidos em nosso compromisso de defender os princípios da justiça, igualdade e dignidade para todos.” 
Daouda Diallo, defensor de direitos humanos

ABRIL

A mãe e a irmã do ativista Pedro Henrique Cruz, Ana Maria e Mariana Cruz, durante a abertura das cartas recebidas de todo o mundo em apoio à sua luta por justiça (FOTO: Gabriel Yjalade)

BRASIL | Justiça por Ana Maria e Pedro Henrique

A campanha Escreva por Direitos, da Anistia Internacional, levou para os quatro cantos do mundo a história da luta de Ana Maria Cruz para que os responsáveis pelo assassinato de seu filho, o ativista Pedro Henrique Cruz, não ficassem impunes. Em abril, o caso bateu a marca de meio milhão de apoios em todo o planeta, entre cartas, assinaturas de petições e outras formas de manifestação.

Pedro tinha apenas 31 anos quando foi morto a tiros por encapuzados enquanto dormia na cidade de Tucano, no interior da Bahia, há 5 anos. A principal testemunha afirma que os autores são policiais.

Um “Soldado da Paz”, como o título do reggae feito em sua homenagem, Pedro era organizador da “Caminhada da Paz”, uma manifestação que colhia alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade e questionava a brutalidade com que os jovens negros eram tratados pela polícia em Tucano.

EUA | Expansão das checagens de antecedentes para armas de fogo! 

O presidente Joe Biden tomou medidas para endurecer os requisitos de checagem de antecedentes para pessoas que compram armas de fogo em feiras ou online.  

“A Anistia Internacional Estados Unidos continuará a defender a ampliação das verificações de antecedentes e outras políticas sensatas que ajudem a garantir os direitos humanos e a segurança de todos”. 
Ernest Coverson, diretor de prevenção à violência armada da Anistia Internacional EUA 

AFEGANISTÃO |  Defensora libertada

A defensora de direitos humanos Manizha Seddiqi sofreu desaparecimento forçado em outubro de 2023, tendo sido encontrada semanas depois sob custódia do Talibã, detida sem acusações e sem acesso a um advogado ou a cuidados médicos. Seu único “crime”  foi apoiar os direitos e liberdades das meninas e mulheres afegãs. 

A Anistia Internacional fez uma campanha pela libertação de Seddiqi e de mais três outras mulheres defensoras dos direitos humanos. Todas foram soltas!

MAIO

JORDÂNIA | Jornalista sírio libertado após 50 dias

Em abril, as autoridades jordanianas prenderam os refugiados sírios Atiya Mohammad Abu Salem e Wael al-Ashi durante a repressão aos protestos pró-Gaza no país. O Ministério do Interior emitiu ordens de deportação, sem acusá-los de nenhum crime. Em maio, depois de apelos feitos pela Anistia Internacional, Atiya e Wael foram libertados. Eles ficaram mais de um mês presos arbitrariamente. 

JUNHO

REINO UNIDO/EUA | Julian Assange livre 

Livre em 2024, o ativista e jornalista Julian Assange foi preso em 11 de abril de 2019, acusado de violar condições estabelecidas em sua fiança em 2010. Antes, de 2012 a 2019, ele viveu como refugiado na embaixada do Equador em Londres (FOTO: Paola Breizh/ Wikimedia Commons)

O fundador do site Wikileaks, Julian Assange fez um acordo de confissão com as autoridades dos EUA após passar cinco anos em uma prisão de segurança máxima no Reino Unido. Ele se declarou culpado de uma acusação de conspiração para obtenção e divulgação de informações de defesa nacional norte-americana, o que resultou em uma sentença de 62 meses – tempo já cumprido pelo ativista. 

“Após anos da vida de Julian Assange ter sido injustamente roubada pelas autoridades dos EUA e do Reino Unido, a Anistia Internacional recebe com alívio a notícia de que ele está agora livre e pode se reunir com sua família”. 
Agnès Callamard, Secretária Geral da Anistia Internacional 

CASAQUISTÃO | Defensora de direitos humanos libertada! 

Rita Karasartova, uma das defensoras que teve a história contada pela campanha “Escreva por Direitos”, da Anistia Internacional, em 2023, enfrentava uma pena de 15 anos de prisão no Cazaquistão por protestar pacificamente.  

Ela é uma ativista de direitos humanos que se preocupava com o acesso da sua comunidade à água e se opôs publicamente a um acordo de fronteira que transferia o controle de um reservatório de água para o país vizinho, Uzbequistão.  

Karasartova jamais deveria ter sido acusada ou levada a julgamento. 

“Um muito obrigado à Anistia. Muito obrigado… Estou tão feliz, nem tenho palavras. Agradeço a todos pelo apoio… Suas ações no momento certo — essas cartas, petições, assinaturas, e o grande número de cartas que foram enviadas ao tribunal, à promotoria — foi tudo muito poderoso… Essas cartas deram força não só a mim, mas a todos os réus do caso. Nossa gratidão é enorme.” 
Rita Karasartova, ativista 

JULHO

SERRA LEOA | A luta contra o casamento infantil

Em Serra Leoa, um projeto de lei histórico para acabar com o casamento infantil foi sancionado pelo presidente. 

De acordo com a UNICEF, o ano passado, o Oeste e Centro da África tiveram a maior prevalência de casamentos infantis no mundo. Em Serra Leoa, 30% das mulheres entre 20 e 24 anos se casaram ou estavam em união conjugal quando tinham entre os 15 e 18 anos. 

A Anistia tem trabalhado para prevenir e reduzir o casamento infantil, precoce e forçado, e a mutilação genital feminina em Serra Leoa, Burkina Faso e Senegal. 

AGOSTO

RÚSSIA |  20 mil apoios para libertar ativista

A ativista Alexandra “Sasha” Skochilenko (FOTO: Mediazona)

No ano passado, a artista e ativista russa Alexandra “Sasha” Skochilenko recebeu uma sentença de sete anos do governo russo. Seu crime? Preocupada com a invasão da Ucrânia, ela trocou as etiquetas de preço em um supermercado por etiquetas de papel com mensagens contra a guerra. 

Após quase 20 mil manifestações de apoio coletadas pela Anistia, incluindo cartas para a Embaixada da Rússia, pedindo a liberação imediata da ativista, Sasha está no mais recente acordo de troca de prisioneiros, que também resultou na liberação de 16 outras pessoas, incluindo o jornalista americano Evan Gershkovich. 

“Quero dizer muito obrigado à Anistia Internacional. É difícil colocar minha gratidão em palavras, porque estou aqui em grande parte graças a essa organização.” 
Alexandra “Sasha” Skochilenko, ativista  

BURUNDI | Jornalista livre! 

Floriane Irangabiye foi libertada da prisão e recebeu um perdão presidencial completo! Ela estava sendo processada unicamente por exercer pacificamente seus direitos humanos e por seu trabalho como jornalista. A Anistia Internacional trabalhou por sua liberação imediata e incondicional e a nossa voz fez a diferença na garantia do seu perdão e liberdade! 

SETEMBRO

JAPÃO | Livre depois de meio século de injustiça

Condenado por homicídio a partir de uma confissão forçada, Hakamada Iwao, que já foi descrito como o prisioneiro no corredor da morte mais antigo do mundo, foi absolvido em 2024 (FOTO: Kazuhiro Nogi/AFP via Getty Images)

Após mais de 45 anos no corredor da morte, Iwao Hakamada foi inocentado. 

“Estamos radiantes com a decisão do tribunal de livrar Iwao Hakamada das acusações. Após suportar quase meio século de prisão injusta e mais 10 anos esperando seu novo julgamento, esta decisão é um reconhecimento importante da profunda injustiça sofrida por ele durante grande parte de sua vida. Se encerra uma luta inspiradora para limpar seu nome, travada por sua irmã Hideko e por todos aqueles que o apoiaram.” 
Boram Jang, pesquisadora da Anistia Internacional para a região da Ásia Oriental

TERRITÓRIOS PALESTINOS OCUPADOS | Médico solto

O cirurgião palestino Dr. Khaled Al Serr foi libertado de uma detenção israelense após passar mais de seis meses sem acusações ou julgamento. A Anistia Internacional tem feito campanha e defendido o Dr. Al Serr desde que ele foi preso pelas forças israelenses enquanto trabalhava em um hospital em Gaza, junto com outros profissionais de saúde. Durante mais de cinco meses, sua família não soube seuqer se ele estava seguro ou mesmo vivo. 

OUTUBRO

BRASIL | Caso Marielle e Anderson: vitória da luta por justiça 

Instalação da Anistia Internacional Brasil, em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no dia do julgamento do caso (FOTO: Fábio Brasil/Anistia Internacional)

Depois de mais de 6 anos de mobilização, luta e ativismo da Anistia Internacional Brasil por justiça, os assassinos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes foram condenados. 

O julgamento é um passo importante em uma busca por justiça que começou há seis anos. A condenação dos ex-policiais militares do Rio de Janeiro, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz por homicídio qualificado de Marielle e Anderson e tentativa de homicídio da assessora da vereadora, Fernanda Chaves, contribui para que o Brasil possa inaugurar uma nova fase, mas está longe de encerrar o caso. A justiça que queremos é aquela que virá somente quando todos os envolvidos no crime – incluindo aqueles acusados de terem sido os mandantes – forem finalmente responsabilizados. 

“A Anistia Internacional Brasil continuará mobilizada e mobilizando pessoas ao redor do mundo para seguir exigindo respostas. Hoje, com mais força, renovamos nossa cobrança pública por justiça, pois ela ainda não foi feita por completo. Continuaremos instando as autoridades brasileiras a responsabilizar, tanto os mandantes do crime, quanto os agentes públicos que se omitiram, bem como aqueles que deliberadamente obstruíram as investigações, o que resultou em 6 anos e meio para que a justiça apenas começasse a ser feita”. 
Jurema Werneck, Direitora executiva da Anistia Internacional Brasil 

ARGENTINA | Anistia apoia ativista LGBTQIA+ contra perseguições

Pierina Nochetti, defensora dos direitos LGBTI+ de Necochea, Argentina, enfrentou acusações criminais por ter grafitado a mensagem “¿Dónde está Tehuel?” durante uma Marcha do Orgulho em 2022. A frase buscava justiça para Tehuel de la Torre, um jovem trans que desapareceu em 2021. Apesar de o muro ser um local comum para expressão pública, Pierina foi alvo de perseguição, enfrentando a possibilidade de prisão por “dano agravado.” A Anistia Internacional Argentina defendeu publicamente os direitos à liberdade de expressão e à reunião pacífica de Nochetti. As acusações foram agora retiradas e o caso encerrado. 

NOVEMBRO

ÍNDIA | Pelo fim das demolições arbitrárias

A injustiça com escavadeiras: máquinas viraram verdadeiras armas numa campanha de ódio principalmente contra muçulmanos, que tiveram casas, comércios e locais de fé derrubados (Foto: Vishal Bhatnagar/NurPhoto via Getty Images)

A Suprema Corte da Índia estabeleceu diretrizes para prevenir a demolição arbitrária de propriedades no país. 

“Esta decisão histórica da Suprema Corte da Índia deve colocar um fim ao clima de impunidade em torno da cruel e desumana prática de punir as pessoas demolindo ilegalmente suas casas e propriedades. O julgamento reafirma o que a Anistia Internacional já documentou – que tais demolições ilegais, frequentemente instigadas pelos mais altos níveis do governo, afetam particularmente os muçulmanos e têm repetidamente minado o Estado de Direito e o devido processo legal.” 
Agnès Callamard, Secretária Geral da Anistia Internacional 

DEZEMBRO

IRÃ |  RAPPER LIBERTADO

O rapper e ativista Toomaj Salehi. Entre os temas de suas canções, os protestos pela morte de Mahsa Amini, uma iraniana curda de 22 anos presa pela chamada polícia dos costmes por supostamente usar um hijab “impróprio” e depois encontrada morta

No dia 1º de dezembro, o rapper iraniano Toomaj Salehi foi libertado da prisão! Ele foi preso em outubro de 2022 exclusivamente por sua participação nos protestos durante a revolta “Mulheres, Vida, Liberdade”, e por suas críticas às violações de direitos humanos e execuções cometidas pelas autoridades iranianas.  

O artista foi condenado à morte após ser acusado de “corrupção na terra”. Seu julgamento foi profundamente injusto e as autoridades descartaram suas denúncias de tortura, incluindo choques elétricos, ameaças de morte e espancamentos repetidos que resultaram em fraturas ósseas e danos à visão em um dos olhos. 

Toomaj ainda possui um caso pendente e agora pedimos às autoridades iranianas que abandonem todos os processos criminais contra ele por exercer seus direitos à liberdade de expressão. Também exigimos que ele receba reparações completas, proporcionais à gravidade das violações e dos danos sofridos.